Tempus Fugit

Eram 06:30 da manhã...

Viajava na Anhanguera sentido interior de SP.

Precisava chegar a Ribeirão Preto pela manhã, quando passei por um acidente.

O corpo estava lá.

Estatelado, estendido no chão.

Um pedaço de carne.

A moto ao lado toda espatifada.

Sem novidades, a maioria de nós se acostumou, seguimos viagem.

Todos passamos, continuamos, seguimos nossa viagem.

Eu segui a minha.

Mas não conseguia deixar de pensar naquele cara.

Deve ter sido tudo muito rápido para ele.

Pensei na sua história, seus erros e acertos.

Pessoas que ele amou, gente que ele deixou pra trás,decepcionou.

A vida é assim, e derrepente tudo passa..rápido.

Acabou.

E a viagem dele acabou ali.

Pensei:

-Bem que Deus poderia dar ordens pra morte; pra que ela se fizesse anunciar com antecedencia.

Assim poderiamos nos preparar visitando pela última vez lugares queridos e pessoas amadas.

Teriamos tempo para nos dedicar aos poemas e rele-los.

E só os poetas podem nos ajudar diante da morte.


Sim, pensei na Anhanguera em como o tempo passa como uma enxurrada levando tudo e todos.

Pra mim é assim, para você que me lê agora tambem é.

Pra aquele desconhecido que vi no chão...foi.

Mas o tempo não pode levar o que a alma provou a aprovou.

Me pergunto:

- Quanto tempo ainda resta?

-Como pósso me empenhar em ser um colecionador de momentos?

Conclui uma coisa:

Quando chegar ao fim de minha viagem, que a morte fique sabendo...vou descontente.